Desde o início deste ano, o Pronto-Socorro (PS) do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) vive de indefinições que respingam em outras instituições de saúde e preocupam a população. Enquanto o Ministério da Defesa não sinaliza se vai liberar um hospital de campanha para abrigar os 30 leitos do PS, as obras da Central de UTIs - que atingem o Pronto-Socorro - seguem paradas. Se a empreitada não avança, a conclusão da unidade que prevê mais 46 leitos atrasa.
Enquanto não tem onde colocar os pacientes, o PS do hospital fechou para atendimentos que não tenham sido encaminhados pelo Samu, pelos PAs e pela UPA (veja quadro). E a situação, que parece provisoriamente complicada, pode não ter fim. Isso porque, na semana passada, a direção do Husm afirmou que o Pronto-Socorro pode não voltar mais a atender de portas abertas e seguir, definitivamente, recebendo apenas os pacientes referenciados.
O Ministério da Educação aprovou a proposta do hospital de campanha que, na visão do Hospital Universitário, é a mais adequada para suprir os leitos que terão de ser desativados durante as obras. Mas o Ministério da Defesa não tem data para dar o aval. A previsão de conclusão da Central de Leitos era outubro deste ano, mas os atrasos jogam a conclusão da empreitada para março ou abril do ano que vem, afirma o chefe da Divisão de Gestão de Cuidados do Husm, Salvador Penteado:
- Preferimos priorizar os pacientes às obras. Mas, é claro que os atrasos têm consequências.
Ideal é procurar o posto
Na metade de março, sofrendo com a superlotação, o Husm comunicou que só atenderia pacientes encaminhados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e por outras unidades de Pronto-Atendimento ou por meio de ordem judicial, devido à superlotação.
- O correto sempre foi atender (apenas) referenciados, com as devidas necessidades e especialidades. Como o sistema está dando conta, acreditamos que o PS não volte a atender o público geral, que, hoje, está buscando outras unidades - explica Salvador.
Em Santa Maria há mais três pronto-atendimentos - do Patronato, da Tancredo Neves e a UPA. Mas a superintendente de Ações em Saúde da cidade, Liliane Mello, não concorda com a direção do Husm. Segundo ela, a situação é grave nos PAs desde o fechamento do PS do Universitário, e o número de pacientes aumentou.
Conforme Liliane, além dos pacientes de Santa Maria, muitas pessoas da região, que antes iam até o Husm, estão procurando atendimento no PA do Patronato e na UPA, sobrecarregando as unidades. Ela lembra que os pacientes que não estejam com problemas que envolvam urgências ou emergências devem recorrer primeiro às Unidades Básicas de Saúde mais próximas de suas casas. Segundo a prefeitura, há 133 médicos de diversas especialidades distribuídos em 32 postos de saúde e nos PAs.
Na UPA, atendimentos aumentaram de 3,5 mil para 5 mil por mês
Na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), o movimento aumentou depois do fechamento do Pronto-Socorro (PS) do Husm. O administrador da unidade, Rogério Carvalho, lembra que, nos meses anteriores, quando o hospital ainda mantinha as atividades de portas abertas, os atendimentos na UPA chegavam a cerca de 3,5 mil no mês.
O número, que já era grande para a capacidade da unidade de saúde, saltou, para os 5 mil atendimentos mensais. E a tendência, conforme o administrador, é que, nos próximos meses, o movimento na UPA seja ainda mais expressivo.
É que falta pouco para o inverno, que traz com ele as doenças típicas da estação. E por isso, segundo Rogério, nessa época do ano, o movimento aumenta naturalmente na unidade. Com a falta do PS do Husm, deve ser ainda pior.
No PA do Patronato, espera é longa
Na última quarta-feira, a dona de casa Jucinara Oliveira, 38 anos, chegou ao Pronto-Atendimento (PA) do Patronato às 14h. Às 20h, o "Diário" conversou com ela na unidade. Ela diss"